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ROSA VERMELHA 3p6bn

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Petrucia Camelo 13 de março de 2025

Às vezes, como dádiva da natureza, uma rosa vermelha em meio ao verde que circunda, basta para fazer a diferença, faz ver a significação, das coisas ternas, nobres e eternas. Porém, há quem sabe colher a rosa sabiamente, do botão à flor, com delicadeza e no tempo certo, e há quem não tem o devido preparo para colhê-la, faz como se estivesse a decepá-la: retorcendo o caule, derramando a seiva, queimando as pétalas que lhe sustêm a forma, demonstrando o despreparo, a insignificância da brutalidade diante da compleição delicada do ser somente ligado à luz da manhã que o afaga.

A espécie humana é uma das interpretações do pensamento de Deus quanto à continuidade das espécies. Na inspiração do Seu ato criador, intermediou a Sua vontade aliada aos desejos do ser masculino e feminino; não os criou como um simples objeto obscuro, ou ainda, como caixas de ressonância do prazer, mas tecidos e revestidos de qualidades que interpretam o amor, apesar de ser mal interpretado pela imposição das vontades contrárias à sua natureza, por aqueles que não veem Deus no ato criador, que os providenciou para se desenvolverem sem banalizarem o amor.

Acredita-se, realmente, que Deus criou um mundo ideal: tem-se o que a natureza oferece, e coisa alguma extrapola o objetivo de Sua criatividade. Entretanto, a interpretação humana distorce os significados das coisas eternas, extrapola a disponibilidade da qualidade da oferta divina. Mas é assim que sempre foi e é assim que os humanos querem que seja, sem lembrar, ao menos, que é possível ser flexível, apartando-se das emoções destrutivas, mantendo o equilíbrio da vida. Dando à flor o que é da flor.

Entretanto, a rosa, como arte de Deus, permanece exposta na beleza silenciosa do seu porvir, a perfumar o sereno da noite, a recepcionar o sol da manhã, a banhar-se de gotículas de chuvas que brilham a adorná-la como se fossem diamantes, a juntarem-se em buquês para o chá de final da tarde. Porém, sábia, a rosa deixa-se estar preparada para se defender do vendaval, que, por certo, virá e o peso das chuvas a levará a cair sobre o eio do jardim; então, precisa firmar-se, acreditar em sim mesma e nas suas raízes fincadas no solo, certa de que um dia novamente irá eclodir.

O mês de março homenageia o ser humano feminino, sob a luz, o fluir de sonho e de realidade, assinalando que, em sua natureza, há algo em comum com as flores que se desenvolvem ao ar livre, pois não se dão bem em ambientes fechados. A impressão é que estou por nascer e não consigo... (Clarice Lispector).