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Unesco oferece recomendações para regulação da IA e transformação em leis nacionais rz61
Em entrevista ao site G20 Brasil, Tawfic Jelassi, diretor da Unesco, fala sobre liberdade de mídia, alfabetização informacional, segurança de jornalistas e combate à desinformação com a iniciativa 4z1u57

O tunisiano Tawfic Jelassi, diretor-geral adjunto para comunicação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), participa da reunião do Grupo de Trabalho de Economia Digital em Maceió. Em entrevista ao site G20 Brasil, Jelassi destacou o compromisso da Unesco em apoiar o Brasil na promoção da integridade da informação, uma questão também abordada nas discussões da COP 30. Entre as principais iniciativas da Unesco, estão o projeto "Internet for Trust", que visa combater a desinformação e as deep fakes, e o trabalho sobre ética na Inteligência Artificial, que busca garantir práticas responsáveis.
Jelassi também abordou a transformação digital, que vai além da simples digitalização. Segundo ele, a colaboração entre o G20 e a Unesco reflete um compromisso global com a integridade da informação e a promoção de um ambiente digital inclusivo e ético. Leia a entrevista completa.
Como a Unesco está apoiando a presidência brasileira do G20? 1h6q70
Tawfic Jelassi: Estamos colaborando ativamente com a presidência brasileira do G20. Um dos temas centrais colocados em pauta é a integridade da informação, que está diretamente relacionada ao combate à desinformação. O governo brasileiro anunciou uma nova iniciativa global focada na integridade da informação, com especial atenção às mudanças climáticas. Isso não só está conectado ao atual G20, mas também à 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que acontecerá no Brasil em 2025. A Unesco está fortemente envolvida e apoiando o Brasil nesse esforço.
Quais são os principais tópicos tratados no setor de comunicação e informação da Unesco? f3w6e
Tawfic Jelassi: A Unesco trabalha com vários temas importantes no setor de comunicação e informação. Entre eles estão a liberdade de mídia, o desenvolvimento da mídia, a alfabetização informacional, a transformação digital, o o à informação pública e a segurança de jornalistas. O ponto comum entre essas agendas é o fluxo informacional. A informação precisa ser compartilhada, disseminada e comunicada. Hoje, isso acontece principalmente pela internet, plataformas digitais e redes sociais. Desde a fundação da Unesco, há 80 anos, a promoção do livre fluxo de informações é um de nossos pilares, conforme está na Constituição da Unesco. A informação factual, checada e objetiva é fundamental para promover o diálogo intercultural e o entendimento mútuo entre povos e nações, sendo, portanto, um elemento central para promover a paz. Essa missão é cumprida através da educação, ciência, cultura e, claro, comunicação e informação.
A desinformação é um grande desafio atualmente. Como a Unesco está lidando com isso? 443v4f
Tawfic Jelassi: Um dos grandes temas que a Unesco vem abordando é o combate à desinformação e ao discurso de ódio. A Unesco lançou a iniciativa "Internet for Trust", que busca garantir que a internet seja um ambiente de confiança. Essa iniciativa trata de questões como a disseminação de desinformação e as chamadas deep fakes, que têm ganhado força com o uso da Inteligência Artificial (IA). Há uma distinção importante entre desinformação e informação errada. A desinformação ocorre quando há intenção deliberada de espalhar mentiras, enquanto informação errada é quando uma informação incorreta é compartilhada sem a intenção de enganar. Ambas precisam ser combatidas, especialmente quando afetam temas críticos como as mudanças climáticas, um tópico central nas discussões do G20.
A Unesco também tem trabalhado com questões éticas relacionadas à Inteligência Artificial. Quais são os avanços nesse campo? 1s3hh
Tawfic Jelassi: A Unesco começou a trabalhar no tema da ética na IA muito antes dos atuais debates acelerados por tecnologias como o ChatGPT. Em 2018, a Unesco aprovou o primeiro instrumento normativo global sobre ética na IA. Essa recomendação, que agora conta com o apoio de 194 países membros, guia o uso responsável da IA em várias esferas. Hoje, estamos apoiando mais de 60 países na implementação dessa recomendação. Além disso, fornecemos uma "caixa de ferramentas" para ajudar os países a avaliar seu nível de prontidão para a aplicação ética da IA. Essa abordagem prática é fundamental para garantir que o documento não fique apenas no papel, mas seja realmente implementado.
Como a transformação digital está impactando o trabalho da Unesco? 675x5s
Tawfic Jelassi: A transformação digital é um tema de alta relevância para a Unesco e para o G20. Ela não se limita à digitalização de documentos, mas envolve a reformulação de processos inteiros. Por exemplo, na área da saúde, a telemedicina está reformulando a prática médica, e na educação, os professores precisam repensar suas metodologias de ensino. Além disso, a transformação digital também afeta os governos e o setor privado, que precisam adaptar suas operações para garantir que o o à informação seja amplo e eficaz. A Unesco está liderando esse processo, fornecendo ferramentas e quadros normativos para auxiliar governos e organizações a se adaptarem à nova realidade digital.
O senhor mencionou a importância da transformação digital em serviços públicos. Poderia nos explicar mais sobre essa transformação? 5t1n11
Tawfic Jelassi: A transformação digital é mais do que apenas digitalizar documentos ou processos específicos, como a emissão de aportes. Trata-se de garantir que todos os serviços públicos estejam íveis por meio de plataformas digitais, como aplicativos, para que os cidadãos possam realizar suas interações com o governo a qualquer momento. O objetivo é reduzir a necessidade de comparecer fisicamente às repartições públicas e oferecer um portal permanente para o o a esses serviços.
O senhor acredita que estamos realmente avançando para essa transformação digital ou estamos apenas digitalizando documentos? 5nh2
Tawfic Jelassi: Frequentemente, quando falo com líderes políticos ou empresariais, há uma confusão entre a digitalização de documentos e a transformação digital. A verdadeira transformação digital vai além da simples conversão de documentos físicos em digitais. É uma reestruturação completa dos processos istrativos para que eles funcionem de maneira integrada e digital. É essencial que os líderes se perguntem em que fase desse processo estão: digitalizando documentos, transformando alguns processos, ou realmente reestruturando tudo digitalmente.
Em termos de ibilidade, há muitos desafios, especialmente para comunidades que utilizam línguas de sinais, como a Libras no Brasil. Como o G20 e a Unesco estão lidando com essa questão? 1qn6a
Tawfic Jelassi: A Unesco considera a ibilidade um tema de extrema importância. Atualmente, há cerca de 120 a 130 línguas disponíveis no ambiente digital, mas sabemos que existem cerca de 8.000 línguas faladas no mundo. Há um enorme déficit no o ao conteúdo digital, especialmente para comunidades que usam línguas minoritárias ou de sinais. Em relação às línguas de sinais, como a Libras, é essencial garantir que o conteúdo esteja disponível em formatos íveis. A Unesco tem trabalhado com governos para promover a inclusão digital e reduzir a lacuna digital.
Quais são os esforços da Unesco para apoiar as línguas indígenas e outras línguas minoritárias no espaço digital? 4g2tq
Tawfic Jelassi: A Unesco lançou recentemente o Atlas Mundial das Línguas, uma ferramenta que mapeia as línguas faladas no mundo, incluindo as indígenas. Além disso, estamos na Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032), uma iniciativa das Nações Unidas com o objetivo de fortalecer essas línguas, incluindo no ambiente digital. Recentemente, me encontrei com a ministra brasileira dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, para discutir o fortalecimento das línguas indígenas no Brasil. A inclusão digital dessas comunidades é um o essencial para a preservação cultural e o desenvolvimento socioeconômico.
E o que dizer sobre a inclusão de pessoas com deficiência no espaço digital? 241m1p
Tawfic Jelassi: A inclusão digital vai muito além do o à tecnologia. Trata-se de garantir que o conteúdo esteja disponível em formatos íveis para todos, incluindo pessoas com deficiência. A Unesco vê isso como uma questão de direitos humanos. Não ter o conteúdo disponível em formatos íveis é inaceitável. Trabalhamos para garantir que a tecnologia seja aberta e ível, promovendo a inclusão total no espaço digital.
Poderia compartilhar alguma experiência marcante sobre o impacto da inclusão digital? 234e5w
Tawfic Jelassi: Uma das experiências mais marcantes da minha carreira foi quando, como ministro na Tunísia, conectei um povoado remoto à internet pela primeira vez. Os jovens choravam de emoção ao finalmente terem o à internet, algo que eles só haviam ouvido falar. A conexão transformou suas vidas, permitindo que eles tivessem o a educação e outros serviços. Esse tipo de transformação é o que buscamos com a inclusão digital.
O senhor mencionou a expansão da conexão digital, mas gostaria de abordar a questão da qualidade da informação que circula na internet. Produtores de conteúdo e jornalistas são frequentemente ameaçados, principalmente em zonas de desertos de mídia. Como a Unesco visa promover a segurança dos jornalistas e garantir a qualidade da informação? 3363l
Tawfic Jelassi: A Unesco tem se dedicado, nos últimos 30 anos, a desenvolver políticas que promovam a liberdade de expressão e a segurança dos jornalistas. Somos a agência líder das Nações Unidas na implementação do plano para a segurança dos jornalistas e no combate à impunidade. Temos um observatório que monitora crimes contra profissionais da imprensa, não apenas para coletar estatísticas, mas também para acompanhar o andamento judicial desses crimes. A segurança dos jornalistas está intimamente ligada à luta contra a impunidade. Além disso, destacamos a importância do jornalismo e da liberdade de expressão para a sociedade.
Sobre a qualidade da informação no ambiente digital, no ano ado, a Unesco lançou diretrizes sobre governança e regulação das plataformas digitais, abordando o papel do jornalismo e de outros produtores de conteúdo. O desafio atual é fortalecer os jornalistas nesse novo ecossistema digital, onde todos podem publicar. A Unesco oferece capacitação e promove a luta contra problemas como o cyberbullying, desinformação e discurso de ódio.
Com a ascensão das plataformas digitais e o fechamento de veículos tradicionais, como o G20 e a Unesco veem a regulação dessas plataformas para garantir a sustentabilidade do jornalismo? 1y2e5y
Tawfic Jelassi: Esse é um tema central. A Unesco tem feito estudos para mapear o fluxo de anúncios publicitários que antes iam para os meios tradicionais e agora se concentram em duas grandes plataformas: Google e Meta. Criamos o programa de viabilidade econômica dos meios, que propõe recomendações para reverter esse processo, incluindo discussões sobre impostos que poderiam gerar receita para o jornalismo. No que diz respeito à regulação das plataformas digitais, a Unesco propõe diretrizes que os Estados podem adotar. Não temos poder regulador, mas oferecemos recomendações que podem ser transformadas em legislações nacionais. Nossa abordagem é semelhante àquela das leis de o à informação pública, que ajudamos a implementar em mais de 130 países.
Como a Unesco vê o uso da tecnologia para reduzir as desigualdades socioeconômicas, especialmente nas escolas públicas de países em desenvolvimento? 3pk5p
Tawfic Jelassi: A tecnologia oferece oportunidades econômicas que podem ajudar a reduzir as desigualdades. Ela permite que indivíduos, mesmo em locais remotos, em mercados globais com um clique. Dou como exemplo o Mark Zuckerberg, que começou o Facebook como um repositório de dados para seus colegas de Harvard, e hoje sua empresa vale trilhões. Outro exemplo é Jeff Bezos, que começou vendendo livros online e hoje comanda a Amazon, uma gigante global. A tecnologia pode ser um catalisador para que países e empreendedores superem etapas e se desenvolvam mais rapidamente, criando novas oportunidades de trabalho e reduzindo as desigualdades.
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