Se tem um personagem que muda completamente o rumo da novela “A Viagem”, é Alexandre (Guilherme Fontes). Vilão intenso e revoltado, ele morre cedo na trama, mas sua presença vai muito além da vida. A partir desse ponto, a novela mergulha no espiritismo e traz à tona temas como obsessão, culpa e redenção — tudo graças à morte (e ao espírito inquieto) de dele.

Como Alexandre morre em “A Viagem”?

Alexandre Toledo é o principal vilão de “A Viagem” (1994), novela escrita por Ivani Ribeiro. Sua morte ocorre logo no início da trama e é fundamental para dar início à narrativa sobrenatural que tornou a obra um marco da teledramaturgia brasileira.

Ele é um jovem impulsivo, inconsequente e cada vez mais envolvido com o crime. Nas primeiras cenas da novela, ele é mostrado tentando roubar dinheiro da empresa em que trabalha, mas o plano dá errado. Em um momento de pânico e descontrole, ele assassina o tesoureiro Valdomiro (Nildo Parente) com um tiro.

Após o crime, Alexandre tenta fugir e busca ajuda com o irmão Raul (Miguel Falabella) e o cunhado Téo (Maurício Mattar). No entanto, ao invés de protegê-lo, os dois decidem entregá-lo à polícia. Sentindo-se traído, o vilão jura vingança contra os dois e todos que, segundo ele, o abandonaram.

Alexandre é processado, julgado e condenado, sendo enviado para a prisão. Lá, se torna um preso revoltado, isolado e com ainda mais ódio no coração. Em um dos episódios, ele se envolve em uma briga com outros detentos e, após ser espancado, é levado para a enfermaria.

É nesse momento que acontece a virada definitiva: sozinho na enfermaria, Alexandre tem o a um armário de medicamentos e decide tirar a própria vida, ingerindo uma grande quantidade de analgésicos. O personagem morre por overdose, e a cena é exibida ao longo do capítulo 38 da novela.

A morte de Alexandre, para o Espiritismo — base doutrinária da novela —, o classifica como um suicida. Após falecer, ele recusa a ajuda de bons espíritos e a a vagar pela Terra, obcecado por vingança. Ele se torna um espírito obsessor, um ser que interfere negativamente na vida dos vivos, especialmente daqueles que considera culpados por sua queda.

Entre as cenas mais icônicas da novela está a de Alexandre assistindo ao próprio velório, um momento sombrio que marca o início de sua trajetória no plano espiritual. A partir daí, ele a a transitar entre a Terra e o Umbral — uma espécie de purgatório espiritual onde ficam espíritos que ainda não evoluíram.

Alexandre começa a atormentar os vivos, especialmente Raul, Téo e Otávio Jordão (Antônio Fagundes), advogado que atuou em seu julgamento. A perseguição é intensa e chega a causar a morte de Otávio, além de inúmeras tragédias e conflitos na vida dos demais personagens.